quarta-feira, dezembro 10, 2014

DUNES OF GODDESS



let the siroccos
get you naked
then run along
your dunes
of goddess
suddenly wet

come on
        don't be shy
you should
already know
unreachableness
makes you
even more desirable

Frantz Ferentz, 2014

segunda-feira, dezembro 01, 2014

L'AUBE SUR LA POINTE DES PIEDS ~ EL ALBA DE PUNTILLAS



l'aube sur la pointe des pieds
par le trottoire
et ta poitrine parmi les cerisiers
et deux gouttes de mélancolie
et une revolution toute mouillée

j'attends toujours
que tu jamais ne me reveilles

*  *  *

el alba de puntillas
por la acera
y tu pecho entre cerezos
y dos gotas de soledad
y una revolución empapada

sigo esperando
que nunca me despiertes


Frantz Ferentz 2014º

quinta-feira, novembro 27, 2014

ALTER MANN


A mi padre

"¿qué tal, mi niño?"

tu soledad
recorre mi espalda

ser
eres siempre
y ahora más

aún
he de aprender
a quererte

* * *

"que tal, meu filho?"

a tua solidão
percorre minhas costas

ser
és sempre
e agora mais

ainda
hei de apreender
a te amar

*  *  *

"how are you doing, my kid?"

your loneliness
runs along my back

being
you've always been
now even more

I must still
learn
to love you


Frantz Ferentz, 2014

domingo, novembro 23, 2014

TÚ, ESPUMA




espuma
una nana en la distancia
caricias amparándose en la luna

el universo
bajo tu blusa
aún en expansión


niña sin querer y mujer queriendo
silencio bajo la almohada
canela en beso
comiendo cerezas de tu boca

a ti
que te quiero
como cosquillas por mi lengua

Frantz Ferentz, 2014º

quinta-feira, novembro 20, 2014

PRESENTACIONES ~ APRESENTAÇÕES



tristeza
te presento
a mi frustración

frustración
te presento
a mi tristeza

y ahora
no quiero
malos rollos
emborrachémonos
como viejos
amantes
y fumémonos
mutuamente
hasta el alba
si es
que alguna vez
amanece

*   *   *

tristeza
apresento-te
a minha frustração

frustração
apresento-te
a minha tristeza

e agora
não quero
ciúmes
embebedemo-nos
como velhos
amantes
e fumemo-nos
mutuamente
até à alva
se por acaso
alguma vez
amanhece


Frantz Ferentz, 2014

sábado, novembro 15, 2014

HE DECIDIDO QUERERTE ~ RESOLVI AMAR-TE



He decidido
Quererte
A pesar de ti
Y de mí
A pesar de no conocerte
Ni conocerme
A pesar del planeta
Que orbitamos.

He decidido
Quererte
Y no sé si por cobarde
O por albergar
Un amor suicida

He decidido
Quererte al doblar
La esquina
Improvisando
Y ensayando
La cadencia
De tu nombre
En mi nombre
En una sola silueta

He decidido
Quererte
Sin saber realmente
Cómo se te quiere

* * *

Resolvi
Amar-te
Apesar de ti
E de mim
Apesar de não te conhecer
Nem me conhecer
A pesar do planeta
Que orbitamos.

Resolvi
Amar-te
E não sei se por covarde
Ou por albergar
Um amor suicida

Resolvi
Amar-te
Ao dobrar a esquina
Improvisando
E ensaiando
A cadência do teu nome
No meu nome
Numa só silhueta

Resolvi
Amar-te
Sem saber mesmo
Como se te ama


Frantz Ferentz, 2014

quinta-feira, novembro 13, 2014

REVOLUÇÃO FRUSTRADA


A E.F.V.

para isso não serve uma revolução, para mudar a direção das carícias. não serve. é melhor consolar-se com uma cerveja e uma amante imaginária à beira de um canal, se for em Veneza, perfeito, senão, serve a foz da melancolia ao pôr-do-sol. 

sou o pai de uma trovoada. as trovoadas têm infância, claro, e dores de barriga. as trovoadas temem o escuro, como as crianças. mas crescem, como as crianças, e apreendem a tecer pesadelos e saudades na mente dos infelizes. oxalá me tivessem banido a paternidade. oxalá tivesse nascido oliveira. dizem que as árvores são imortais. não, acho que não, seria uma eternidade de remorsos e alpechim.

estranha genealogia a minha que bebe no sublime e sonha com circos. tudo por apreender a rir. tudo se reduz a uma revolução frustrada, a minha.

Frantz Ferentz, 2014

segunda-feira, novembro 10, 2014

CUANDO ACUDE EL OTOÑO ~ QUANDO VEM O OUTONO



El otoño
Como tú
Entra
De puntillas
Y finge
Sorpresa
Cuando lo descubro

Ven y
Deja al aire
Tus florestas
A merced de mi lengua

* * *


O outono
Como tu
Entra
Na ponta das dedas
E finge
Surpresa
Quando o descubro

Vem e
Deixa ao ar
As tuas florestas
À mercê da minha língua


Frantz Ferentz, 2014

terça-feira, novembro 04, 2014

O ATLÂNTICO ENTRE AS TUAS PERNAS ~ EL ATLÁNTICO ENTRE TUS PIERNAS



o Atlântico
entre as tuas pernas
eu
o Tejo
no teu umbigo
      evitando toda foz
sempre fiel
às tuas humidades

sonhei
que me sonhavas
e
quando foste embora
o teu último fado
ainda corria nu
pela minha cama

* * *


el Atlántico
entre tus piernas

yo
el Tajo
en tu ombligo
     evitando desembocaduras
siempre fiel
a tus humedades

soñé
que me soñabas
y
cuando te fuiste
tu último fado
aún corría desnudo
por mi cama

Frantz Ferentz, 2014

segunda-feira, novembro 03, 2014

HOY













hoy

te has puesto tus zapatos impronunciables
te has despeinado para salir
te has desabotonado el último botón de la camisa
te has cepillado los dientes y has besado el espejo
te has puesto un sujetador de color limón
te has dicho ante el espejo que eres la más guapa
                                                         la más sexi
                                                         la más tú
y te gustas


hoy es un hoy de pintalabios
y nadie te lo joderá
por mucho que lo intente

sal a la calle
que resuenen tus tacones
en la acera mojada
baila con la primera farola que encuentres
y sé tú las doce de la noche
o del mediodía

siéntete princesa
y pirata de ojos tristes
enamoradiza y caprichosa
con un parche en el ombligo
surcando al azar los siete pasillos
de tu casa

hoy es tu hoy más insolente

Frantz Ferentz, 2014º

domingo, novembro 02, 2014

BRISA Y CANELA



finjo
por unos segundos
que soy
mi brisa en tu pelo

hoy
me sabes
más que nunca a canela

Frantz Ferentz, 2014º

domingo, outubro 19, 2014

HACE OCHO MINUTOS


hace ocho minutos alguien dio la orden de apagar la luna. nadie se ha dado cuenta, es de día y hace calor pese a ser otoño. alguien lo notará cuando al contar los destellos de tu boca se quede con tu recuerdo entre los dedos. hace ocho minutos que te has ido y el domador de caricias no me lo ha advertido. no hay luna, no hay tú. temo que anochezca y me percate de que la oscuridad no es la luz que no penetra bajo tu blusa. la ciudad se levanta en domingo con resaca. faltan una ría y moliceiros al pie de mi ventana. que te conecten, por favor, que te conecten ya. y luego, finge que nunca te has ido, finge que fueron solo ocho minutos.



Frantz Ferentz, 2014º

domingo, outubro 12, 2014

HOY CON LA LLUVIA ~ HOJE COM CHUVA

hoy, con la lluvia, amanecieron veleros por mi calle. antiguos nombres de mujer e historias inconfesables. tú y tu vela entre ellos. el otoño se vistió de negro, como una fadista, y se fingió mujer, como una fadista, con voz de Lisboa, como una fadista. todas las encrucijadas surgieron de debajo de mi cama. fuera seguía lloviendo. tú también. y no estabas. el café hoy fue con jaqueca. y manchas, muchas manchas en esta tierra que me esconde, me acuna y me tiñe la piel de azul. hace siglos que no me besa la lengua atlántica de las sílabas impredecibles. miro por la ventana. aún más lluvia. me gusta el olor a lluvia entre tus piernas, me gustas tú mojada en la calle, me gustan las farolas intentando atrapar destellos de lluvia, me gusta que la lluvia se diluya y se reinvente. me gustas tú y todas las mujeres que fueron y se fueron. se me escurre la soledad por el agujero del bolsillo. un continente en tu cabello, eso buscaría ahora, también bajo la lluvia. una lluvia, solo una lluvia, nada más, el Tajo sigiloso, hacia Lisboa, alrededor de tu ombligo. solo eso, si no tú, al menos tu lluvia por mi calle.

hoje, com a chuva, amanheceram muitos veleiros pela minha rua. antigos nomes de mulher e histórias inconfessáveis. tu e a tua vela entre eles. o outono vestiu-se de preto, como uma fadista, e fingiu-se mulher, como uma fadista, com voz de Lisboa, como uma fadista. todas as encruzilhadas surgiram debaixo da minha cama. fora continuava a chover. tu também. e não estavas. o café hoje foi com enxaqueca. e nódoas, nódoas, muitas nódoas nesta terra que me esconde, me embala e me tinge a pele de azul. há séculos que não me beija a língua atlântica das sílabas imprevisíveis. Olho pela janela, ainda mais chuva. gosto do cheiro da chuva entre as tuas pernas, gosto de ti molhada na rua, gosto dos farois da rua a tentarem apanhar lampejos de chuva, gosto que a chuva se dilua e se reinvente. gosto de ti e de todas as mulheres que foram e foram embora. escorrega-me a solidão pelo buraco do bolso. um continente no teu cabelo, isso procuraria agora, também sob a chuva. uma chuva, apenas uma chuva, mais nada, o Tejo sigiloso, face a Lisboa, arredor do teu umbigo. Apenas isso, se não tu, ao menos a tua chuva pela minha rua.

(áudio em português)

Frantz Ferentz, 2014

segunda-feira, outubro 06, 2014

LISBON NOT LISBON ~ LISBOA NÃO LISBOA



almond trees
are banned to meet fados secretly
while the last rests of the Atlantic
are sold in the black market
and old tramways are forced
to learn absences by heart

tonight Lisbon
wanders barefoot

no one is a fado
and there is
no trace of you tonight
along the banks of the Tagus

**************

as amendoeiras
têm proibido ver-se 
em segredo com os fados
enquanto os restos do Atlântico
são vendidos no mercado negro
e os velhos elétricos são obrigados
a apreender ausências de cor

nesta noite Lisboa
caminha descalça

ninguém é um fado
e não há
de ti pegadas nesta noite
pelas beiras do Tejo

Frantz Ferentz, 2014

quarta-feira, setembro 24, 2014

WORDS AND CELLS



words
    like cells
are
unpredictable

words
    like cells
help
invent men

words
    like cells
should ever
be painted in blue

words
    like cells
sing
sad songs when unnoticed

words
    unlike cells
may not
be written

Frantz Ferentz, 2014

NO PENSEM ~ LET'S NOT THINK


Si jo et penso
i tu em penses
perquè no ens pensem?

Millor no pensar
a pensar 
sinó caure en gotes 
de pluja improvisada 

**************

If I think of you
and you think of me 
why don't we think of each other? 

It's better not to think
of thinking 
but fall down in drops 
of sudden rain 

Frantz Ferentz, 2014

domingo, setembro 21, 2014

CUANDO ERES VINO


A S.G.G.
eres ese vino
de renombre
con regusto
y matices en cada gota

eres ese vino
que deja los paladares
rendidos
a tu memoria.

eres ese vino
rojo
y mujer
en blusa
blanca

Frantz Ferentz, 2014º


quarta-feira, setembro 17, 2014

JE N'AI RIEN COMPRIS



Peut-être je n'ai rien compris. 

Il y a des jours 
quand je doute que j'existe. 

C'est l'habitude. Cependant, 
il pleut en silence aujourd'hui, 
le vent souffle désolé et 
l'enfant automne joue avec moi 
au cache-cache derrière ma fenêtre. 

Oui, probablement, je n'ai rien compris.



Frantz Ferentz, 2014

CHOVE



chove
sem permissão
chove
com raiva
chove
escorregando saudades
chove
azul
chove
outono
chove
chuva com cheiro
chove
infância
chove
sem roteiros
chove
no Tejo e no teu cabelo
chove
porque chove
chove
ainda
Frantz Ferentz, 2014

segunda-feira, setembro 15, 2014

DESDIBUJANDO HUELLAS ~ UNDRAWING FOOTSTEPS



la última vez que te vi
cargabas tus olvidos
al hombro
y te ibas desdibujando huellas

por tus mejillas
corren desmemorias


the last time we met
you were carrying your oblivions
on your shoulders
and then leaving 
while undrawing footsteps

unmemories run
along your cheeks



Frantz Ferentz, 2014

segunda-feira, setembro 08, 2014

HOMENS, TERRAS E PÓS


A Rafa Yáñez, 
Alberto G. Bautista 
e Ricardo Pichel
pela grandeza da amizade

há terras que são hostis porque nasceram para sê-lo. nelas crescem homens que são hostis porque nasceram dessa terra e têm pó na cabeça. e são ainda mais hostis com aqueles que não caminham levantando poeira, a sua, a que os alimenta. e à poeira chamam pátria.

quando eu lá cheguei pensaram que também levantava poeira ao falar, mas não, era apenas o eco das minhas palavras. os homens hostis, o da pátria de pós, quiseram tornar-me poeira, como eles.

e fugi.

pensei nunca mais olhar para trás. perguntei-me como se odiava o pó. mas há pós que ultrapassam cérebros e corpos. e soube que nem todos os pós são iguais. há pós que não querem ser poeira.

conheci então pós exiliados. pós famintos e sorridentes. conheci o valor de escrever com o dedo no pó sem ser incomodado por regras de cozinha aplicadas à escrita daquilo que ninguém tem certeza que exista.

e fiquei

fiquei exiliado onde não há exílio. vivo entre pós que sabem de carícias. não são de homens. nem de pátrias. são pós e não são. mas gosto. gosto de pós que viajam com sirocos e nunca possuem uma terra. e são.

Frantz Ferentz, 2014

A WET SYLLABLE, WHY NOT?



A wet syllable of yours

Two barefoot steps forwards
          or backwards
          or upwards
          or neverwards

A night never waited for

You undressed up in silence

A few drops of salty melancholy

Tramways running aimlessly
along your back overnight

But you already knew it:
my crucifixes no longer exist



Frantz Ferentz, 2014

THE BEGINNING OF THE FLIGHT OF BUTTERFLIES



the beginning
of the flight of butterflies
occurred in the first season of your sadness

remember?

you had just turned one millennium old
and I had just come back
from my last tree metamorphosis
and sang songs of deserts
that ever dwelt your nameless lap

it was the beginning
of nothing and of all
in the spring of your silence

remember

when memories were made out of cobblestone
and letters feigned
to be whole words stressed on all their syllables
trying not to get unnoticed
for the raindrops walking down your chin

that was
a long, long time ago
when you and me
still believed
that a navel
was an ocean

remember?

remember, please

Frantz Ferentz, 2014

domingo, setembro 07, 2014

LA MOCHILA AZUL


a Siracusa
━ Pásame mi mochila azul
Gracias...
Pesa más, qué
me has metido?
━ Solo un abrazo
un abrazo sin número de serie,
uno casi caducado
uno que pretende en ti
morir viviendo

Frantz Ferentz, 2014

sábado, agosto 23, 2014

SI EXISTEIXES



De vegades penso que potser existeixes.
He tingut la impressió que alguna de les ombres,
que de nit, camí de Hradčanská, crec veure, podries ser tu.
Sí, ho penso sovint, quan vull
interpretar místicament les taques del cafè
mandrós que inventa destins sobre un full de paper.

De vegades em pregunto que, si existeixes,
quin sabor tindrà entre els teus llavis Praga
amb les seves síllabes per tu pronunciades,
si sabries despullar-te en la boira
del Moldava quan la ciutat replega ànimes melancòliques.

De vegades sí crec que existeixes,
perquè he tocat de la teva esquena el carrer, fent amb el dit
camins entre la neu que et cobreix
i que tu has convertit el meu nom en alè
i en cervesa
al peu de Malá Strana.

De vegades estic segur que existeixes,
però de debò no ho sé,
per si de cas existeixes i em cerques
em trobaràs al pont de Carles...
sóc l'ombra de les monedes caigudes a la vora del jazz,
del jazz que de tu a tothom parla.


© text: Frantz Ferentz, 2014
© foto: Nataša Frías

sexta-feira, agosto 22, 2014

BRINDEMOS



Brindemos por tus rizos
brindemos por tu ingenuidad contagiosa
brindemos por tu ser inesperado
brindemos por tu silueta sin sombras
brindemos por tu revolución bajo la blusa
brindemos por tus caricias de amazona
brindemos por tu fragilidad imaginada
brindemos por ti
brindemos en tu boca

Frantz Ferentz, 2014

SOLO DIME



Dime quién eres cuando nadie te mira.
Dime en qué piensas cuando nadie te escucha.
Dime cómo vistes cuando nadie te conoce.
Dime qué lloras cuando nadie te pregunta.

Dime solo por qué eres.

Frantz Ferentz, 2014

El primer verso de este poema lo escribió Ainhoa Fernández Oliva Paz, el resto es cosa mía a partir de lo que ella había iniciado.

ONDE ESTAVA A TUA BOCA ~ DONDE ESTABA TU BOCA



há vários milhões
de almas
pensei em ti

agora
já não

só o nada
se balança onde antes
estava
a tua boca

********************

hace varios millones
de almas
pensé en ti

ahora
ya no

solo la nada
se columpia donde antes
estaba
tu boca


Frantz Ferentz, 2014

quinta-feira, agosto 14, 2014

ALL I HAVE TO TELL YOU



you won't need
any semiologist
any fortune-teller
any psychoanalyst
to help you understand
this:
all I have to tell you
is a tear

Frantz Ferentz, 2014

segunda-feira, agosto 11, 2014

FICO EM PRAGA



Chove em Praga. Batem lentas pingas de mulher que criam círculos excéntricos invisíveis. Uma caleça atravessa a ponte de Carlos caminho da tua boca. 

Chove em Praga. Uivos em Malá Strana de mulher molhada em mercados improvisados de almas desleixadas onde se roubam e vendem verãos virgens e prantos de putas santas.

Chove em Praga. Gárgulas apaixonadas procuram mulheres e mulheres sós procuram filhos de Kafka que as abracem e não libertem.

Chove em Praga. Geme a minha janela enquanto espero pelo elétrico que sulca chuvas e cabelos e desmemórias. Fico à tua espera, confundido chuva com cerveja. Fico em ti. Fico em Praga.

Frantz Ferentz, 2014

domingo, agosto 10, 2014

TE MIRO SIN VERTE



te miro
sin verte
desde este no mar
al otro lado de mi ventana
en una noche
de tigres sin rayas
y falsos profetas
que queman en la lengua
al profanarlos

te pronuncio
sin hablarte
y no hueles a espliego
porque el verano
ya no es verano
padece mal de amores
y se emborracha
para olvidar
con los vagabundos
del parque
bajo mi ventana

te recito
en desmemoria
te nombro
y te desnombras
te distingo
y te desvaneces
te finjo
y tú caducas

acaso
el Moldava
no haya existido nunca
y tú a mí
me hayas inventado
mal y tarde

Frantz Ferentz, 2014

FLORECEN ALMENDROS



al final de tu silencio
florecen
los almendros


Frantz Ferentz, 2014

sábado, agosto 09, 2014

TÚ, CALLE MOJADA



en mitad de la noche
pensé en ti
desnuda                       como una calle
donde de repente
empiezo a llover
a lloverte
sobre la espalda
con las farolas
apagadas

me pregunté a qué sabría tu piel
mojada
salada
impaciente

solo había un modo
de averiguarlo
en torrentes
por tu boca


Frantz Ferentz, 2014

sexta-feira, agosto 08, 2014

AFLUENTE



sin previo aviso
serás mi afluente
mojada
y mojándome
hasta que
tu hidrografía
ya no entienda
de treguas

Frantz Ferentz, 2014

quarta-feira, agosto 06, 2014

REGURGITANDO A PREIAMAR



desligaste-te
ao final de uma página
em branco
quando a tua boca
regurgitou
toda a preiamar

foi uma crónica
improvisada

e agora
caminhas
escura pelo bordo de agosto
enquanto
tentas lembrar
como destecer os teus fluídos
de mulher

o verão
já não espera
          eu também não

ao teu grito
transparente
sobram
todas as letras

Frantz Ferentz, 2014

AMANHECES LISBOA



amanheces
Lisboa
com os lábios
entreabertos

e como
sempre
o Tejo
faz
das tuas
pernas
a sua ribeira


Frantz Ferentz, 2014